17 de Outubro. A Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento - ENED 2018-2022 prevê a realização, anualmente, das Jornadas de ED, entendidas como tendo «… uma natureza temática, constituindo um espaço para troca de experiências, para aprofundar conceitos e metodologias, bem como para discutir coletivamente práticas desenvolvidas e adotadas por entidades públicas e da sociedade civil de diferentes setores e natureza diversa» .
Juntamente com a Plataforma Portuguesa das ONGD, da Direção Geral de Educação, do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, da ANIMAR, da Associação de Professores para a Educação Intercultural e da Rede Intermunicipal de Cooperação para o Desenvolvimento, o CIDAC integrou a Comissão Organizadora do evento que se focou este ano no tema Educação para o Desenvolvimento e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Esta edição das Jornadas de ED assumiu contornos diferentes das anteriores ao realizar-se online, devido aos constrangimentos impostos pela situação de pandemia. Contou com uma intervenção inicial do sociólogo guineense e Diretor Executivo da ONG Tiniguena Miguel de Barros, que desenvolveu uma leitura crítica dos ODS, como agenda que molda as ações de desenvolvimento em vez de resultar da realidade das mobilizações e iniciativas populares, comunitárias, frequentemente invisibilizadas. De seguida, realizaram-se 9 oficinas simultâneas propostas por Organizações da Sociedade Civil e Entidades Públicas à volta de uma grande diversidade de temas, desde uma reflexão sobre “escolas transformadoras” até a relação entre a conceção do espaço público e a desigualdade entre mulheres e homens, passando pela apresentação de recursos pedagógicos de Educação para a Cidadania Global. Uma intervenção do CIDAC, dando uma leitura panorâmica dos temas das oficinas e da sua relação com a ED, veio concluir esta edição das Jornadas de ED.
O formato online permitiu uma participação importante, tendo o evento contado com a “presença” de cerca de 170 pessoas, de Portugal, Guiné-Bissau e Timor-Leste.
15 de setembro. No âmbito da iniciativa "Visitas Comentadas", da Câmara Municipal de Lisboa, que visa dar a conhecer a cidade, o seu património arquitetónico, histórico e cultural, recebemos no dia 15 de setembro pessoas, moradoras na cidade, curiosas sobre a nossa atividade, o comércio justo e a história do CIDAC.
1 de Agosto. Em agosto arrancou formalmente, em Dili, o projeto "Consumo 100% local! Reforçar a ligação campo-cidade em resposta a crise do COVID 19", numa parceria CIDAC-PARCIC.
Com a duração prevista de 12 meses, esta intervenção irá criar condições para o reforço da comercialização local de um conjunto de produtos alimentares que resultam do trabalho da PARCIC em Timor-Leste desde 2002, no apoio às/aos produtoras/es de café da zona de Maubisse, bem como ao desenvolvimento de atividades geradoras de rendimento na área da produção e transformação alimentar, centradas em grupos de mulheres que se encontram dispersos por 6 municípios. Uma parte significativa dos produtos que têm vindo a ser desenvolvidos estão reunidos debaixo da marca AROMA TIMOR.
PARCIC e CIDAC entraram em contacto em 2002, no quadro de um estudo realizado pelo CIDAC sobre o Sector Cooperativo Timorense. As duas organizações mantiveram desde então contactos regulares e, entre 2016 e 2018 a PARCIC integrou o Grupo de Acompanhamento do Projeto “Reforço das OSC timorenses” dinamizado pelo CIDAC em parceria com o FONGTIL.
O atual projeto, financiado pelo Camões IP, tem por base o envolvimento das duas organizações no movimento do Comércio Justo, do qual têm uma visão próxima.
A task force é composta por um pequeno número de pessoas que, representando diferentes níveis de trabalho dentro da Plataforma (órgãos sociais, secretariado, grupos de trabalho e associadas) procura contribuir para a reflexão em torno dos principais conteúdos que deverão constar deste documento estratégico, cuja elaboração será assumida pelo secretariado da PPONGD.
Prevê-se que o documento esteja pronto durante o mês de outubro mas, tão importante quanto este produto final, é o reconhecimento do esforço que tem sido feito nos últimos anos pela Direção, em conjunto com o Secretariado, no sentido de reforçar a democracia interna da associação (tema consensual do ponto de vista dos princípios mas complexo de operacionalizar).
O processo de elaboração deste documento - à semelhança do que já tinha acontecido em 2019, na construção da Estratégia de Advocacy da PPONGD - foi pensado na conjugação de 3 dimensões:
1. a constituição da task force, da qual participam representantes de diferentes estruturas da Plataforma, mas também algumas organizações associadas cujo percurso na matéria em causa é reconhecido por todos;
2. a integração num conjunto de momentos formativos (temáticos) abertos a todas as associadas (e inscritos no início dos trabalhos da task force, de forma a que todos os contributos pudessem ser úteis ao processo);
3. e, por fim, a criação de momentos de consulta a todas as associadas, quer a meio quer no final da elaboração do documento.
O CIDAC é membro (fundador) da PPONGD desde 1985, procurando manter uma presença ativa nesta estrutura, que valorizamos enquanto espaço de coordenação e de representação. Ao longo dos anos a nossa participação tem assumido formas muito diversas (nos órgãos sociais, nos Grupos de Trabalho, em atividades pontuais, ...) de acordo com as necessidades/propostas da Plataforma e com as nossas próprias capacidades. Atualmente, para além desta task force, estamos também no Conselho Fiscal cujo mandato irá terminar em dezembro próximo.
16 Fevereiro. Em dezembro de 2019 arrancou formalmente a nova fase de trabalho do CIDAC com os parceiros timorenses. Depois de 2 anos em que refletimos em conjunto sobre o papel das Organizações da Sociedade Civil (OSC), decidimos aprofundar este processo, centrando-nos na temática da sustentabilidade financeira, nomeadamente na pesquisa e experimentação de formas alternativas de trabalhar esta dimensão da vida organizativa, por oposição ao modelo de “financiamento por projeto” que tem, hoje, um papel de quase exclusividade no financiamento das OSC um pouco por todo o mundo.
Apesar das tecnologias de comunicação à distância sentimos necessidade de nos encontrarmos pessoalmente e foi o que fizemos entre 16 de fevereiro e 1 de março últimos.
Em várias reuniões com o FONGTIL – Fórum ONG Timor-Leste e com a Natureza (pequena empresa associada à Fundação Haburas, com quem o CIDAC colaborou durante muitos anos) fizemos uma revisão dos compromissos assumidos neste novo projeto, preparámos propostas de alteração que nos pareceram essenciais ao melhor encadeamento das atividades, e partilhámos dúvidas relativamente aos conteúdos que queremos tratar, encontrando em conjunto potenciais formas de as ultrapassar.
Paralelamente, esta deslocação foi também uma oportunidade para reforçar laços com alguns dos grupos de produtores/as com quem colaboramos (e que esperamos, se venham a envolver também no projeto, um pouco mais à frente), nomeadamente as Bonecas de Ataúro, na ilha de Ataúro, a quem devolvemos a experiência de venda dos seus produtos na Loja de Comércio Justo do CIDAC; a Fundação Alola, e a Alola Esperança, em Díli, com quem conversámos particularmente sobre as atuais dificuldades económicas de Timor-Leste, muito associadas aos impasses políticos que se vêm vivendo; e ainda o Projeto Montanha, em Aileu, organização cujas instalações visitámos pela primeira vez, procurando aprofundar o nosso inter-conhecimento.
Mais uma vez saiu reforçada a ideia de que este projeto está construído de forma particularmente relevante para as duas organizações parceiras, permitindo-nos procurar, conhecer e experimentar alternativas no quadro da economia social e solidária, que possam contribuir para reforçar a autonomia das diferentes organizações envolvidas.
De regresso a Lisboa, confrontados com todas as limitações que, dia a dia, se estão a impor nas nossas vidas, vamos refletindo sobre como manter vivo o trabalho iniciado.
27 de fevereiro. Recebemos consecutivamente duas turmas do 9.º ano da Escola Secundária Marquesa de Alorna, no quadro de uma iniciativa de promoção do Comércio Justo promovida pelo estabelecimento escolar.
Os cerca de 40 jovens puderam entender melhor a injustiça que caracteriza a cadeia comercial do café, através de uma dinâmica experiencial durante a qual, em pequenos grupos, entraram na pele dos vários atores que intervêm nesta cadeia, desde a produção até ao consumo. As duas turmas também tiveram a oportunidade de formular propostas individuais e de grupo para alterarem as suas práticas de consumo no sentido de maior solidariedade e cuidado com o meio ambiente. Estas sessões acabaram com uma visita guiada à nossa Loja de Comércio Justo.
Na semana a seguir, foi apresentada na escola a nossa exposição “O comércio pode ser justo!”, que poderá descobrir aqui.
Janeiro 25 e 26. O Jardim Botânico Tropical da Universidade de Lisboa reabriu em janeiro, após um ano de obras de requalificação. Para marcar a efeméride, a entidade organizou um fim de semana de atividades, desde visitas guiadas, concertos, a um mercadinho de rua, para o qual o CIDAC foi convidado a ter uma banca com produtos da nossa loja. Durante dois dias e com o apoio de algumas voluntárias, demos a conhecer o comércio justo às dezenas de pessoas que visitaram o jardim e que se aproximaram da nossa banca.
Janeiro - maio. Pelo segundo ano consecutivo, o CIDAC iniciou um ciclo de sessões de sensibilização em escolas do concelho do Seixal, no quadro do projeto “Povos, Culturas e Pontes”, dinamizado pela Câmara Municipal do Seixal. Desde janeiro e até maio de 2020, iremos intervir em 4 escolas do concelho, junto das turmas do 7.º e do 8.º ano, com intervenções construídas à volta das temáticas do Comércio Justo e do Consumo Responsável. Além das sessões dirigidas diretamente aos alunos e alunas, este ano a nossa intervenção contempla também momentos de capacitação dos professores e professoras da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento das escolas envolvidas. Esta iniciativa de Educação para a Cidadania Global conta igualmente com a participação da associação Rato-ADCC, do Conselho Português para a Paz e Cooperação e da Fundação Gonçalo da Silveira.
A Escola Secundária de Amora (Seixal) celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos
Setembro-dezembro. Entre setembro e dezembro de 2020, o CIDAC dinamizou um ciclo de sessões sobre Direitos Humanos e Comércio Justo com as alunas e os alunos dos cursos de Gestão e de Comércio da Escola Secundária de Amora. Integrada no projeto Jovens Embaixadores do Comercio Justo, esta fase dos trabalhos culminou com a celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos a 10 de dezembro, dia do aniversário da adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos pelas Nações Unidas, em 1948.
Apesar das limitações impostas pela pandemia à realização de ações de grupo, assistimos a um exemplo de criatividade e capacidade de adaptação da parte dos e das jovens que, neste dia, levaram a cabo uma ação de sensibilização dos/as colegas e da comunidade escolar de modo geral. Para além de terem colocado cartazes promovendo o caráter universal, inalienável e indivisível dos Direitos Humanos em todos os pavilhões do estabelecimento, o momento forte e mais simbólico deste dia foi a inauguração de uma faixa colocada na entrada da escola (em espaço aberto), altura em que duas representantes da turma tomaram publicamente a palavra para alertar a audiência para a importância da defesa dos Direitos Humanos. A Direção da escola também pronunciou um discurso reafirmando o compromisso da instituição na promoção dos direitos fundamentais.
No dia seguinte, realizou-se um encontro entre o grupo dos Jovens Embaixadores do Comércio Justo e uma turma do 10.º ano também envolvida em iniciativas de promoção dos Direitos Humanos, para permitir uma troca de experiências e uma reflexão coletiva sobre esta temática, que rapidamente colocou a questão do racismo e da discriminação no centro dos debates.
Este trabalho, que conjuga Comércio Justo e Direitos Humanos, irá manter-se em 2021, focando-se nas violações dos direitos do povo Uigur e as suas relações com as multinacionais do setor têxtil.
O CIDAC promoveu, no dia 16 de outubro, uma sessão presencial sobre grupos de consumo e economia solidária. O evento teve como objetivo suscitar reflexão sobre possíveis pontes entre grupos de consumo autoorganizados, mais focados no apoio à agricultura e produção local / ecológica, e a solidariedade com agricultores/as e produtores/as de outros países. Contámos com a presença de três grupos da região de Lisboa - o grupo de consumo A Bela Rama, a Associação para a Manutenção da Agricultura de Proximidade “Quinta Maravilha” e a cooperativa Rizoma - e a cooperativa hispano-nicaraguense EspaNica. A participação presencial foi reduzida, dadas as medidas de saúde pública anunciadas poucos dias antes da sessão. No entanto, a discussão foi muito frutífera. Os três grupos falaram sobre as suas diferentes formas de funcionamento, as adaptações que foram desenvolvendo para se manterem, principalmente o grupo mais antigo (Bela Rama) e as dificuldades que encontram/ram. A cooperativa EspaNica partilhou a sua experiência de trabalho com grupos de consumo e cooperativas do Estado Espanhol, identificando muitos pontos comuns entre as três experiências portuguesas e a realidade espanhola.
Relativamente aos laços entre a solidariedade local e internacional, os três grupos afirmam que lhes faz todo o sentido. Todos já experimentaram ou querem experimentar o alargamento a outros/as produtores/as e produtos (alimentares, cosmética, etc.), mas até hoje apenas num âmbito regional e/ou nacional. Para abarcar produtores/as de outros quadrantes, sentem que é necessário construir um caminho mais sólido e pensado. Neste ponto, a discussão centrou-se na coerência entre a defesa da soberania alimentar, da diminuição da pegada ecológica e/ou do apoio ao tecido social e económico de proximidade vs relações com produtores/as não nacionais, que parece estar nos antípodas do quadro valorativo do movimento local / ecológico. Nesse quadro, percebe-se como coerente, por exemplo, para produtos não produzidos em Portugal, como o café. A EspaNica esclareceu que, para além, de não haver produção de café na Europa, no seu caso, a aquisição de café EspaNica está imbuída de princípios de justiça social e económica, por um lado, e de solidariedade política que remonta ao apoio, no Estado Espanhol, à revolução sandinista, por outro.
Esperamos continuar a dialogar e a construir pontes de solidariedade e de justiça economico-social num mundo que é glo-cal!
O festival Umundu Lx encerrou com um mercado, no jardim do Príncipe Real, dia 17 de outubro e no qual marcámos presença com uma banca de comércio justo.
25 junho – 1 julho. No Fórum Social Mundial de Montréal, em 2016, surgiu a ideia de se organizar um fórum temático, enquadrado nos valores e nas dinâmicas dos fóruns sociais mundiais. A ideia foi amadurecendo e ao longo de dois anos foi sendo preparado o Fórum Social Mundial das Economias Transformadoras. Foram realizados vários encontros online e presenciais, a nível local, regional e internacional, para definir o formato e os eixos do Fórum.
Planeado para acontecer em Barcelona, em junho de 2020, o evento foi totalmente realizado online, entre 25 de junho e 1 de julho, devido ao Covid-19. E teve como objetivo reunir movimentos, práticas e redes que se identificam como atores de transformação da economia capitalista de mercado. O Fórum orbitou à volta de quatro eixos: agroecologia e soberania alimentar; ecofeminismo; os comuns e economia social e solidária; e de convergências territoriais / regionais (América Latina, Europa, Ásia e África). Foram cerca de 150 atividades, desde webinários, oficinas a encontros dos eixos, todas elas propostas e autoorganizadas pelas várias organizações e coletivos que aderiram ao Fórum.
O CIDAC participou em cinco atividades ligadas ao comércio justo, economia solidária e agroecologia, bem como nos eventos de abertura e de encerramento. Apesar do formato virtual não favorecer um intercâmbio mais profundo e causar até alguma dispersão num evento que se estende por vários dias, conseguimos perceber a multiplicidade de grupos e de associações que, em todo o mundo, defendem e trabalham diariamente para criar outro tipo de relações sociais e económicas. Pudemos igualmente atualizarmo-nos em relação aos debates e aos enquadramentos legais em atualmente em discussão, a nível nacional e europeu, e que se traduzem, em grandes linhas, na relocalização e reindustrialização das economias nacionais. Percebemos, das poucas atividades em que participámos, que as finanças éticas e solidárias e o ecofeminismo são os temas que mais têm ganho força nos últimos anos. A nível territorial, a América Latina e algumas regiões francesas sobressaíram pela sua integração e capacidade de propor discussões e ações conjuntas.
O Fórum iria ter uma nova edição, desta feita presencial, em outubro, por ocasião da Feira de Economia Solidária da Catalunha, de modo a solidificar alguns dos processos e discussões iniciados virtualmente. Porém, com o desenrolar da situação pandémica decorrerá, também desta vez, em formato virtual. Entretanto, é possível continuar a participar nas discussões – temáticas e/ou territoriais – no site do fórum, que foi precisamente pensado para permitir essas interações, nos chamados “espaços de confluência”. Continuaremos a acompanhar este processo e a participar, sempre que nos for possível.
As primeiras semanas do confinamento pautaram-se, assim, por várias incertezas nas dinâmicas dos projetos de ED que o CIDAC desenvolve em quatro escolas da área metropolitana de Lisboa. A partir de abril, foi possível reatar ligações, tanto com educadores/as como com estudantes.
No caso do projeto desenvolvido em parceria com a FGS, no Agrupamento de Escolas de Benfica e no Agrupamento de Escolas Lidley Cintra, no Lumiar, as atividades centraram-se em sessões online com alguns/mas dos/as docentes que participaram na oficina de formação “Viver e mudar a Escola em conjunto”. Partilhámos, essencialmente, as vivências de cada um/a e os aspetos negativos e positivos da transposição da Escola para o espaço virtual.
No quadro do projeto “Jovens Embaixadores do Comércio Justo", atividades importantes e motivadoras para as alunas e os alunos tiveram que ser canceladas, uma viagem para França, intercâmbios entre alunas e alunos, exposições... Na Escola Secundária de Amora, no Seixal, reestabelecemos o contacto com o grupo de estudantes através de sessões online que decorreram até ao final do ano letivo. De uma preocupação centrada sobre as condições laborais e sociais na industria têxtil, passamos nesta fase a falar mais da biodiversidade e do meio ambiente, relacionando estes temas com questões económicas e de comércio internacional e tecendo interelações com a situação de pandemia. Se os meios virtuais revelaram frequentemente os seus limites num processo de animação em que a proximidade é importante, o recurso a sessões online permitiram no entanto concretizar uma visita, virtual, à Loja de Comércio Justo do CIDAC!
Na Escola Secundária Fernão Mendes Pinto, no Pragal, não foi possível continuar a linha de trabalho focada nas questões do comércio justo, mas adaptámo-nos às necessidades e às dinâmicas criadas pela professora para as suas aulas, em formato online: escuta dos sentires dos e das estudantes, ouvir o que estes/as gostavam de discutir e, a partir daí, ligar a dimensões da ED. As questões das interdependências económicas e políticas, a preocupação com o futuro (pessoal e planetário) foram alguns dos aspectos discutidos e trabalhados pelos/as alunos/as através de textos, desenhos e letras de músicas. Estas últimas foram pensadas numa ótica de intercâmbio com a Escola Secundária da Amora que não foi possível neste ano letivo, mas que procuraremos animar no próximo.
Fevereiro. Continua a nossa intervenção junto de jovens alunas e alunos que defendem o Comércio Justo em várias escolas secundárias. Na Escola Secundária de Amora, por exemplo, os e as jovens das turmas de 10.º ano de Gestão e de Comércio ficaram muito chocados quando trabalhámos a questão das condições de trabalho na industria têxtil. Decidiram aprofundar este tema e realizar um vídeo sobre o tema para sensibilizar a comunidade escolar sobre as práticas das marcas mais populares entre os/as jovens. Outro grupo lançou um estudo junto dos/as seus/suas colegas do 10.º ano até ao 12.º ano para conhecerem melhor os seus hábitos de consumo no seio da escola, de modo a se poder pensar uma atividade regular de comercialização de produtos de comércio justo no estabelecimento. Na Escola Fernão Mendes Pinto, em Almada, são os alunos de Religião e Moral que se juntaram à iniciativa, com um grupo do 10.º ano e um grupo do 7.º até ao 9.º ano.
Em ambos os casos estava em preparação uma viagem de estudo a França, na primeira escola certificada como Estabelecimento de Comércio Justo e com quem o CIDAC colabora há já vários anos, mas a atual situação de contenção e de encerramento de estabelecimentos e de fronteiras não irá permitir a concretização desta atividade este ano. À imagem dos Jovens Embaixadores do Comércio Justo, é toda a nossa linha de intervenção em meio escolar que se encontra perturbada com a pandemia que enfrentamos.
10 fevereiro. Fomos convidados pela Base-Fut – Base-Frente Unitária de Trabalhadores e a Associação Amigos de Aprender para animar uma sessão sobre Comércio Justo. Os Amigos de Aprender baseiam a sua ação no aprofundamento reflexivo sobre temas de fundo e sobre a realidade do mundo, do país e das comunidades, para melhor intervir nelas, aproximando-se muito da abordagem promovida pelo CIDAC.
Entre as 14h00 e as 17h00, pudemos abordar a temática da injustiça no comércio convencional, dos fenómenos de exclusão e de como o Comércio Justo constituiu uma alternativa a estas situações. O ambiente informal e a vontade de aprofundamento dos e das participantes permitiram também entrar na complexidade e nas contradições desta alternativa, nas suas várias dimensões, mas com um enfoque particular sobre os desvios induzidos pelos processos de certificação e a co-optação pelos atores dominantes da economia de mercado.
O encontro foi também ocasião para refletirmos sobre os fenómenos de erosão das dinâmicas associativas clássicas e sobre as relações com os movimentos informais de intervenção, que constituem um meio de participação privilegiado pelas gerações mais novas. Neste quadro, é interessante notar que é graças à ligação do CIDAC e da Base-FUT com um desses movimentos, o Climáximo, que este encontro se concretizou!
18 de janeiro. Terminou, a oficina de formação para professores e professoras dos Agrupamentos de Escolas Lindley Cintra e de Benfica, enquadrada no projeto “Escola, Ser Vivo dentro de um ecossistema”, desenvolvido pelo CIDAC e pela FGS.
Propusemos a um grupo de cerca de 20 professores/as um percurso de investigação e ação, imbuído dos valores e dos princípios da Educação para o Desenvolvimento-Educação para a Cidadania Global que defendemos. De setembro a janeiro, os e as docentes dividiram-se em grupos e trabalharam nas suas escolas problemáticas identificadas, criaram e aplicaram instrumentos de investigação que aprofundassem essas problemáticas e, com base nesse manancial de informação, delinearam pequenas ações a levar a cabo nos próximos meses.
A oficina contou com seis sessões presenciais, onde os grupos trocavam ideias sobre os seus percursos, pontuadas por muitos momentos de encontro dos grupos, de que faziam parte elementos das duas organizações. Os percursos dos vários grupos não foram lineares. Foram feitos de dúvidas, de avanços e recuos. Também a participação dos e das formadoras da oficina enquanto parte integrante desses processos não foi fácil gerir. No entanto, enquanto organizações que procuram questionar a sua prática, este foi um elemento de particular reflexividade.
No geral, os e as professoras fizeram uma avaliação positiva tanto do seu trabalho como da oficina. Ainda no âmbito desta formação, iremos organizar uma visita de estudo e as duas organizações irão continuar a acompanhar a implementação das ações desenhadas pelos grupos.