29 de agosto e 4 setembro. Como já vem sendo habitual, no seguimento do lançamento de cada número da Outras Economias, organizámos alguns momentos de exploração e debate dos seus conteúdos. Nasceram, assim, mais dois círculos de leitura dedicados ao número 6, cujo tema são os acordos de comércio livre, no contexto do comércio internacional. Esta edição foi construída com a TROCA – Plataforma por um Comércio Internacional Justo e foi com este coletivo que pensámos os dois círculos. No primeiro, online, lemos e discutimos o mecanismo do ISDS e no segundo, presencial, explorámos um dos acordos atualmente em debate público e que muito nos irá afetar: o Acordo União Europeia – Mercosul. Para além dos círculos de leitura, realizámos na e em conjunto com a Rizoma, uma atividade que nos conduziu aos meandros do comércio internacional, a partir da leitura dos rótulos de produtos alimentares e de cosmética. Mais tarde, em conjunto com Serena Cacchioli, explorámos os acordos e o comércio livre através de recortes e de colagem, uma oficina criativa que aconteceu já no entardecer do verão, na Casa da Achada.
Justiça no comércio internacional
10 de julho. A propósito do n.º 6 da revista Outras Economias, organizámos, em conjunto com a cooperativa Rizoma e a plataforma TROCA, uma conversa sobre justiça no comércio internacional. Partindo de uma atividade prática, de leitura das etiquetas de diferentes produtos alimentares e de cosmética da mercearia da Rizoma e da Loja de Comércio Justo, trocámos impressões sobre o que podemos ou não saber sobre a origem do que consumimos, sobre quem produz e respectivas condições e formas de produção. A conversa passou pelas questões da certificação e da confiança entre produtores/as e consumidores/as, sobre as formas de injustiça económica e comercial sofridas pelos e pelas produtoras de pequena escala, a nível internacional como a nível local, e expandiu-se pelos acordos de comércio livre, os mecanismos de litigação incluídos em vários destes acordos, como é o caso do ISDS, e outros temas tratados na referida edição da revista. Foi uma conversa animada, de troca de dúvidas e de conhecimentos, no espaço acolhedor da Rizoma!
Lançamento OE6: debater o comércio internacional!
5 de junho. O número 6 da revista Outras Economias, construído com a TROCA - Plataforma por um comércio internacional justo, foca-se nos acordos de comércio livre, tendo como pano de fundo a história e as tendências do comércio internacional. Desta vez, fomos acolhidos/as pela Livraria Ler Devagar, em Lisboa, para apresentarmos e conversarmos à volta desta edição. Quais as consequências da liberalização massiva do comércio internacional? Quem é que as sente na pele? A alternativa passa pela (re)localização da produção e/ou por alterarmos os nossos padrões de consumo? O que fazer quando este sistema produtivo e comercial já criou "trabalho" para alguns setores da população, por exemplo, nos países do "sul" geopolítico, como é o caso da venda de roupa usada, exportada pela Europa e vendida nos mercados desses países? Existem organizações e coletivos que lutam contra este sistema comercial e que, em conjunto com outras lutas, como as ambientais, tentam que ele não avance nem se imbrique ainda mais nas nossas vidas. Existem igualmente iniciativas e coletivos que tentam pôr em prática outras formas de trocas comerciais, como é o caso do comércio justo ou das cooperativas integrais. Fechámos a conversa com um toque de humor e arte, ao som do "Hino ao ISDS". Para saber do que se trata e muito mais, descubra o número 6 da Outras Economias!
Lançamento da campanha-exposição “Salários e Vidas mais Iguais” na Chamusca e em Ponte de Sôr
27 de maio e 2 de junho. No âmbito do projeto “Sem Sombras”, realizado com o Graal, inaugurámos a campanha-exposição “Salários e Vidas mais Iguais” na Escola Básica e Secundária da Chamusca e na Escola Secundária de Ponte de Sôr. A campanha tem como objetivo chamar a atenção para a persistência das desigualdades salariais entre mulheres e homens, um tema que foi debatido e escolhido pelas e pelos jovens do projeto, preocupados/as com a pouca relevância que sentem ser-lhe dada no debate público. A partir dos dados que nos falam da dimensão desta problemática, a campanha tenta analisar as causas e consequências que estas desigualdades produzem, passando também pelo questionamento do sistema económico, que se sustenta nestas mesmas desigualdades. No fim, a exposição inclui também alternativas e lutas que combatem para eliminar estas desigualdades e que nos ajudam a pensar um sistema económico mais justo e igualitário.
Com uma pequena teatralização dos principais conteúdos dos cartazes, foram realizadas 6 visitas guiadas pelos/as jovens do projeto, na Chamusca, seguidas por um pequeno quiz a preencher em equipas. Em Ponte de Sor, com uma modalidade parecida, foram realizadas 3 visitas guiadas.
Agradecemos muito às escolas, às/aos jovens e às/aos professoras/es pelo interesse e participação na partilha destes momentos! A exposição terá ainda mais apresentações noutros espaços municipais e, esperamos, noutras escolas, e encontra-se disponível para consulta e partilha nos recursos pedagógicos do CIDAC.
Inauguração do mural coletivo na Escola Secundária de Amora
23 de abril. Para encerrar simbolicamente o ano comemorativo dos 50 anos do 25 de abril, a Escola Secundária de Amora e o CIDAC realizaram uma cerimónia de inauguração do mural que resultou de um trabalho colaborativo lançado em finais de 2023. Composto de 50 obras realizadas pela comunidade educativa (alunos/as, encarregados/as de educação, professores/as, auxiliares, CIDAC, Município do Seixal, Junta de freguesia de Amora) e alusivo ao 25 de abril, este mural adorna o muro exterior da escola, numa vontade de abertura para a comunidade envolvente.
O ato inaugural contou com intervenções do Prof. Mário Carneiro, coordenador da área de Cidadania e Desenvolvimento até ao ano letivo 2023/24, do Diretor da escola, João Godinho e do Presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva, pontuadas por momentos musicais, entre rap e Zeca Afonso, oferecidos pela banda da escola. “Liberdade, a quanto obrigas para te conquistar e manter!”, é o título, muito atual, desta obra colaborativa.
1.º Festival de Tecnologia Popular
15 e 16 de março. Aconteceu, e ainda estamos a celebrar. Há alguns meses, o CIDAC aceitou o desafio que a ODET (Oficina de Democracia e Ecologia Tecnológica) lhe lançou, depois de um primeiro encontro por ocasião do número 4 da revista Outras Economias, juntamente com o Guilherme Luz: criar um Festival de Tecnologia Popular em Setúbal. A ideia era simples mas desafiadora: dois dias para descobrir como libertar a tecnologia do sistema económico capitalista, aprender sobre as conexões entre os dois e conhecer, na prática, formas alternativas de entender e utilizar a tecnologia. A União Setubalense acolheu estes dois dias emocionantes, de grande participação e interesse pela iniciativa, com um público local e de fora, intergeneracional e com diferentes níveis de conhecimento e interesse pelos temas propostos. O programa incluiu conversas-debates, bancas, momentos de convívio, uma oficina de experimentação de software livre, uma de privacidade digital, uma oficina de mapeamento das tecnologias no nosso dia-a-dia, uma de reparação de dispositivos digitais e de outros objetos, uma exposição sobre mulheres e pessoas com outras identidades de género no mundo da tecnologia e das telecomunicações, um filme… e muita troca entre todas as pessoas que participaram! As diversidades de formatos e momentos permitiu não apenas formas de participação diferentes, mas também um lado mais reflexivo e analítico, que foi possível complementar com uma componente prática, na hora, para tocar com as mãos o que é que entendemos quando falamos de alternativas tecnológicas. Com o apoio dos Coletivos.org, do Centro Linux, do Arranja-me um Café, do Barreiro, e da Ana Luísa Silva da Oficina Global, animámos momentos práticos e criativos de reflexão sobre os vários objetos tecnológicos que acompanham as nossas vidas. De que forma a tecnologia, especialmente a digital, tem ligações com o sistema económico capitalista? Como este sistema precisa deste tipo de desenvolvimento tecnológico para se manter dominante? Porque é que as mulheres e as pessoas com outras identidades de género continuam sub-representadas, quando não sistematicamente excluídas do mundo da tecnologia digital? O que é o capitalismo digital e quais são as suas formas de reproduzir opressões classistas, machistas, racistas, etc.? Será que toda esta tecnologia serve realmente os processos democráticos ou intensifica a concentração de poder e os autoritarismos? Uma transição energética justa e democrática é realmente possível? E a censura, está de volta? Estas foram algumas das muitas questões que orientaram dois dias de pensamento vivo, crítico e coletivo sobre a realidade na qual vivemos com Rute Correia, Beatriz Maciel, João Ribeiro, Xullaji, Guilherme Luz e Dani Bento. Foram dois dias em que aprendemos a ler a realidade para nela intervir. Despedimo-nos cheias de ideias, de pessoas amigas novas e vontades para o futuro, com a sensação de ter passado por alguma coisa que, realmente, estávamos a precisar. Como sempre, nada disto teria acontecido sem a solidariedade e o esforço coletivo de muitas pessoas. Agradecemos, de coração cheio, todas as pessoas que permitiram realizar com sucesso este 1.º Festival de Tecnologia Popular: esperamos que hajam muitos mais!
Outras Economias na Formação de Professores/as
Março. Círculos de leitura, oficinas criativas, atividades em sala de aula têm sido algumas das formas de fazer viver cada número da publicação Outras Economias, para além do seu lançamento. Desde o primeiro número, temos igualmente promovido ações de curta duração para professores e professoras de todos os níveis de ensino e grupos disciplinares. Numa parceria com o Centro de Formação de Professores Orlando Ribeiro e com vários formadores, entre eles Alexandre Abreu e Luís Santos, tem sido possível proporcionar formações online acreditadas, num cruzamento entre os conteúdos de cada número, a perspetiva da Educação para o Desenvolvimento e a adequação às necessidades pedagógicas específicas do contexto escolar. Assim, cada sessão é pensada de forma a incluir elementos expositivos; discussão e partilha de experiências dos e das professoras; e a exploração das propostas pedagógicas presentes em cada edição da Outras Economias. As últimas edições foram dedicadas às tecnologias e à educação, nomeadamente à inteligência artificial. Se quiser receber informações sobre as próximas ações de formação basta subscrever, gratuitamente, a revista.
Cidadania na ESA, com o CIDAC…
Fevereiro. No quadro do nosso trabalho em parceria com a Escola Secundária de Amora, co-organizámos um conjunto de atividades integradas na Estratégia de Cidadania deste estabelecimento escolar. No dia 17, realizamos um encontro-conversa sobre a questão do racismo no auditório da escola, durante o qual cerca de 120 alunas e alunos puderam debater com José Falcão, representante da SOS Racismo. No dia 21, foi uma manhã inteira dedicada ao tema do meio-ambiente e da saúde, para o qual os alunos e alunas do 1.º ano de Técnicos/as de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos, que acompanhámos durante o primeiro semestre, apresentaram as suas reflexões e propostas sobre o tema junto de cerca de 100 participantes de diversas turmas da escola. A poluição sonora foi um dos temas tratados, para o qual foi apresentado um estudo realizado pelos alunos sobre os níveis de ruído nos vários espaços da escola, assim como sobre a perceção da poluição sonora no dia a dia dos e das jovens na escola e na sua vida quotidiana. Outro grupo evocou a questão das mobilidades amigáveis do ambiente e propuseram a assinatura de uma petição exigindo mais ciclovias na Freguesia da Amora. O tema da saúde como direito ou como negócio foi também abordado, antes da realização de uma palestra-debate sobre eco-ansiedade e condutas aditivas, para a qual convidámos uma enfermeira da Unidade de Cuidados na Comunidade Almada-Seixal e uma psicóloga e ativista climática que trabalha sobre estas problemáticas. Entre 17 e 21, a turma do 10.ºA, com quem também trabalhamos desde o início do ano letivo, instalou uma exposição interativa sobre o tema da Interculturalidade e da Igualdade de género no pavilhão principal da escola. Constituída por 6 painéis que convidavam os alunos e alunas a posicionarem-se perante afirmações provocatórias sobre os temas através da colocação de um papel verde (concordo) ou de um papel vermelho (não concordo), a exposição enriqueceu-se de mais informações a meio da semana que permitiu, a quem tinha votado, aceder a mais dados para conformar ou rever a sua posição.
Estas atividades vieram concluir o primeiro semestre de trabalho deste segundo ano do projeto CoESA, co-construindo cidadania global na escola. Mais notícias daqui a pouco!
Cooperativas: da realidade ao ideal – Lançamento OE #5
28 de janeiro. Cooperativismo: um ideal atual? E entre o ideal e a prática, o que é o cooperativismo na realidade concreta? Que valores? Porquê uma cooperativa e não uma associação ou uma empresa, ou vice-versa? Estas foram algumas das perguntas que guiaram a apresentação do número 5 da revista Outras Economias, na Casa da Achada, em Lisboa. Um momento intergeracional marcado pelo testemunho de diferentes experiências, de norte a sul do país. Começámos pela… prática: uma dinâmica que nos fez acreditar que o impossível - quando cooperamos - pode tornar-se realidade! Soubemos, de seguida, toda a programação do Ano Internacional das Cooperativas, que teve início este mês, por duas pessoas representantes da CASES. A partir das intervenções de Augusto Sousa, da cooperativa Brejos Faria (Moita); da Alina Santos, da coop99 (Porto) e da Rosa Carreira, da CooLabora (Covilhã), cooperativa com quem construímos este número, discutiram-se muitas das dimensões que marcam o cooperativismo: a sua construção histórica; as suas debilidades, desde a democracia interna à sustentabilidade financeira; os limites e potencialidades do quadro legal específico das cooperativas, no cruzamento com outros quadros a que estão sujeitas, como por exemplo, o direito laboral. Foram muitos os temas, numa grande paleta de cores que as cooperativas trazem e suscitam: são mais de cem anos de cooperativismo em Portugal. Qual o seu futuro é uma questão em aberto. Mas ficou no ar que, tal como tantas outras realidades socioeconómicas alternativas ao capitalismo, está sujeito a ciclos. Novas cooperativas de habitação ou cooperativas integrais parecem ser sinais de que se está a iniciar um bom novo ciclo! Se quer saber mais sobre cooperativismo, leia tudo aqui.
Lendo o número 4 da revista OE
17 de janeiro. Foram mais dois os círculos de leitura, que já se tornaram um ponto de encontro online para alguns e algumas intervenientes. Depois do círculo dedicado ao texto O fim das utopias, em 20 de dezembro, realizou-se um segundo momento em que, em vez de um texto, se leu uma banda desenhada. Neste caso, a banda desenhada de Guillaume Lion, Regresso ao Futuro. Facilitados por Amadu Djaló, os círculos têm proporcionado debates que ligam os conteúdos da revista à realidade de cada participante, tendo como pano de fundo preocupações ligadas às questões do desenvolvimento. Tecnologia para quem? Construída por quem e a partir de que recursos? Participantes de vários pontos do mundo – a tecnologia oferece-nos esta possibilidade, sabendo no entanto que também tem custos (energéticos, por exemplo)! - têm-se reunido nestes animados debates. Fique atento/a aos próximos círculos de leitura (se quiser receber informações sobre a sua calendarização consulte a Agenda da revista ou subscreva aqui).
Sem Sombras: um último encontro cheio de luz!
9 a 11 de setembro. O grupo de jovens do Sem Sombras voltou à Golegã para o oitavo e último encontro residencial do projeto. Foram três dias intensos, cheios de partilhas, aprendizagens e despedidas, nos quais não faltaram sugestões para o futuro. O primeiro dia começou com a exploração da proposta pedagógica do vídeo Os Restos de Ontem, que deu origem a uma conversa sobre a partilha desigual das tarefas domésticas e dos cuidados entre mulheres e homens, e foi uma ótima oportunidade para receber feedback sobre a proposta em si. No segundo dia, as e os jovens dedicaram-se a avaliar o percurso feito ao longo dos dois anos de projeto. Depois de uma tarde de relax e convívio na piscina municipal, o grupo apresentou a campanha Salários e Vidas Mais Iguais na praça central da Golegã, com uma exposição pop-up, para desafiar quem passava a pensar sobre as persistentes desigualdades salariais entre homens e mulheres. As e os jovens conversaram com várias pessoas, sensibilizaram sobre o tema e distribuíram autocolantes para divulgar a campanha. O último dia começou com uma sessão de contos dinamizada por Cláudia Fonseca. Foi um momento inspirador e comovente, que permitiu uma reflexão sobre o poder das narrativas e a forma como moldam a nossa perceção do mundo. Pensamos sobre a transformação que muitos contos sofreram ao longo dos séculos, muitas vezes silenciando ou suavizando histórias de violência e abuso que originalmente incluíam, e que, apesar da sua dureza, nos diziam e ensinavam coisas importantes. Para encerrar o encontro, primeiro, recebemos sugestões dos e das jovens sobre o que gostariam de fazer no futuro, quem sabe um novo projeto! Despedimo-nos com um delicioso bolo de parabéns, entre abraços e sorrisos, celebrando o caminho feito até aqui e brindando ao futuro que desejamos continuar a construir em conjunto!
2 de julho. Desta vez o projeto Sem Sombras veio a Lisboa! As e os jovens de Ponte de Sôr e da Chamusca tiveram finalmente a oportunidade de conhecer as instalações do CIDAC, com uma visita ao Centro de Documentação e à Loja do Comércio Justo, para depois seguir para o Terraço do Graal, onde receberam também mais informações sobre a associação e a sua história. No Graal, estavam à nossa espera algumas cooperantes da cooperativa de mulheres migrantes Bandim, que apresentaram o seu projeto e as refeições que cozinharam para o nosso almoço. As e os jovens apreciaram a comida e os sabores de diferentes regiões do mundo e ficaram a conhecer o projeto intercultural da Bandim. A seguir ao almoço, tivemos o importante testemunho de Francisco Praia Azul, que pertence à comunidade romani e que nos falou sobre a cultura e a história do seu povo. Foi um momento muito enriquecedor em que, inclusive, aprendemos muitas das principais razões pelas quais a cultura romani e este povo são, desde séculos, alvo de discriminação e marginalização. A conversa e o debate que se seguiram foram animados e permitiram-nos refletir sobre os valores de liberdade, igualdade e antirracismo. Animadas/os pelos mesmos, o dia continuou com uma breve visita a lugares emblemáticos da cidade. Percorremos a Avenida da Liberdade, relembrando a celebração anual do 25 de Abril, chegámos ao Largo de São Domingos, que destacámos como importante lugar de encontro entre culturas diferentes, mas também pelos acontecimentos trágicos de intolerância religiosa e antissemitismo que aconteceram no XVI século. Subimos ao Largo do Carmo, coração da Revolução dos Cravos, e acabámos a visita na Rua Garrett, um dos símbolos da luta antirracista, por ter sido, a 10 de junho 1995, o lugar onde o jovem cabo-verdiano Alcindo Monteiro foi violentamente espancado por um grupo de skinheads da extrema-direita nacionalista. Na sequência deste ataque, Alcindo morreu dois dias depois. Concluímos, assim, este dia relembrando a importância das lutas antirracista e antifascista. Apesar da brevidade da visita, esperamos que o grupo tenha voltado para casa mais enriquecido e com algumas perguntas que possam estimular o espírito critico. Venham mais visitas!
“Salários e vidas mais iguais” no Centro de Culturas e Artes de Ponte de Sôr
14 de junho. A partilha continua! Mais uma apresentação da campanha-exposição “Salários e Vidas mais Iguais” do projeto “Sem Sombras”, desta vez, no Centro de Artes e Cultura (CAC) de Ponte de Sôr. Depois de uma breve contextualização do projeto, foi projetado o vídeo “Os restos de ontem”, outro recurso pedagógico co-criado com as e os de jovens do projeto. Ainda antes da visita, tivemos o prazer de ter uma pequena apresentação musical de flautas, proporcionada por alunas do Conservatório de Música de Ponte de Sôr. A seguir, o grupo de jovens de Ponte de Sôr que participa no projeto guiou a visita teatralizada à exposição, tentando interativamente chamar a atenção do público para as desigualdades salariais entre homens e mulheres, destacando alguns dos dados retratados na exposição. A teatralização, com grande talentos teatrais das e dos jovens, acabou com uma mensagem direta ao público, não apenas convidado a ver a exposição, mas a juntar-se também à luta pela construção de uma efetiva e plena igualdade salarial. Agradecemos muito à Sónia Guerra, artista residente do CAC, que apoiou e permitiu que esta teatralização acontecesse. A inauguração acabou, entre as palmas e os parabéns de um público participativo e muito interessado na exposição, com um lanche partilhado e um belo momento de convívio. Venham mais!
Oficina da Interculturalidade na Escola Secundária de Amora
22 e 23 de maio. Todos os anos, a ESA celebra a diversidade e a convivência entre culturas através da Oficina da Interculturalidade, que já vai na sua 6.ª edição. Pelo terceiro ano consecutivo, o CIDAC participou no evento através da organização de 3 atividades. No átrio principal, instalámos um planisfério gigante sobre o qual alunas e alunos puderam colocar autocolantes de cor correspondentes ao seu país de nascimento, ao dos seus pais e dos seus avós. Podiam também indicar se viveram em outros países. O resultado, muito colorido, permitiu fazer jus ao título da iniciativa: O meu país é o mundo! Em vários painéis à volta do planisfério, instalámos uma exposição baseada em várias projeções do mundo (Mercator, Peeters, com a Europa num cantinho, ao contrário), convidando os e as jovens para uma reflexão sobre o significado das representações do mundo. Outros mapas propuseram visões do mundo em que o tamanho dos país era proporcional a certos indicadores, índice de pobreza, acesso a saneamento e higiene, evidenciando as injustiças entre Sul e Norte geopolíticos.
Convidámos também o Atelier Ser e o Bazofo-Dentu Zona que organizaram uma oficina de serigrafia artesanal em que os alunos a alunas puderam realizar cartazes com mensagens anti-racistas e de promoção da paz e da diversidade. Todos os cartazes foram, de seguida, colocados nos vidros do átrio principal criando um muro de reivindicações e de apelo ao “viver bem em conjunto”. Por fim, realizamos duas sessões de cine-debate ao longo das quais 5 turmas viram curtas-metragens sobre o tema do racismo e dos preconceitos, seguidos por debates e testemunhos dos e das participantes. Para dar continuidade a este tema, 15 dias depois, montámos a exposição da SOS Racismo composta por 20 retratos de pessoas de referência nas lutas sociais e pela justiça, realizados pelo ilustrador André Carrilho para o Dicionário da Invisibilidade, publicação desta organização que pretende dar luz ao que possa ter sido ocultado pela história dominante.
9 a 11 de abril. O grupo de jovens do projeto Sem Sombras voltou a reunir-se, e desta vez foi de visita a Espanha, à região da Extremadura! Esta viagem surgiu da vontade de conhecer associações que trabalham, noutros contextos e territórios, as temáticas da igualdade entre homens e mulheres e das outras economias. No primeiro dia, saímos da Golegã em direção a Alburquerque, a nossa base, onde fomos bem acolhidas pelo Colectivo Cala (Colectivo Alternativo de Aprendizajes), uma organização que visa promover a transformação social e pessoal através de formas alternativas de educação, e pelo grupo de jovens “Dispares”, com o qual houve troca de experiências através de uma atividade sobre a construção da (e das) masculinidades. Esta atividade permitiu-nos tocar vários temas, desde a igualdade entre homens e mulheres, os diferentes privilégios e os papéis de género.
No segundo dia, o grupo visionou a campanha sobre desigualdades salariais - “Salários e Vidas mais Iguais!” - desenvolvida no âmbito do projeto. Surgiram várias ideias sobre como levá-la às escola. Depois, fomos passear a Mérida, onde descobrimos os vestígios de uma das mais importantes cidades romanas da península ibérica.
No último dia, parámos em Badajoz, onde visitámos o espaço de El Prestao, uma “biblioteca de coisas” e espaço multi-funcional no coração da cidade velha. Aqui também fomos muito bem recebidas, tanto pela equipa da Fundacion Atabal, que gere o espaço, quanto pela Asociación Banca Ética de Badajoz, que apresentou o seu projeto e o funcionamento desta forma de democracia económica. A conversa sobre finanças éticas e outras economias interessou muito ao grupo. Uma das perguntas e preocupações mais frequentes, ao longo do encontro, foi a questão da confiança: e se as pessoas estragarem as coisas da biblioteca? E se não as devolverem? Contaram-nos que o espaço nunca teve graves problemas deste tipo porque parte do projeto é a construção da confiança recíproca e de um sentimento difundido de cooperação, que visa o bem comum. Como momento conclusivo, a equipa do El Prestao propôs-nos uma troca direta de objetos de que já não precisamos, de modo a pensarmos e re-pensarmos as lógicas de consumo e de utilização das coisas. Todos/as trocaram alguma coisa e experimentámos outras formas de estar e pensar as relações, tanto humanas e comunitárias, como com os próprios objetos! Regressámos com muito entusiasmo, muitas aprendizagens e muita vontade de ficar em contacto! Agradecemos a todas as pessoas que nos acolheram tão calorosamente, em particular à CALA, à Fundação Atabal e à Asociación Banca Ética!

Amigos de Aprender discutem Outras Economias
14 de abril. Há alguns anos, o grupo Amigos de Aprender propôs ao CIDAC animar uma sessão sobre Comércio Justo na Base-Fut, em Lisboa. Este grupo de cerca de 20 pessoas, de várias idades, empenhadas em discutir e aprender em conjunto sobre os mais variados temas, reúne quinzenalmente, agora online de modo a chegar a todos os cantos do país. E foi de forma remota que dinamizámos, de novo a convite do grupo, uma sessão sobre as Outras Economias e, em particular, sobre a revista que editamos. Partindo de um dilema central - superar, contornar e/ou reformar o sistema económico e os seus impactos sociais negativos - fomos pondo em diálogo diferentes visões sobre os limites e as potencialidades das iniciativas de economia alternativa. Desde a sua dimensão, a sua abrangência em termos de pessoas e territórios, tida como pequena demais para representar uma alternativa, até à capacidade de nos fazerem continuar a esperançar por um mundo mais justo. E fomos descobrindo que alguns/mas dos Amigos de Aprender fazem ou fizeram parte de Outras Economias, desde cooperativas, finanças éticas até às AMAPs.
Outras Economias volta à Covilhã
27 de março. Cooperativismo foi o tema do n.º 5 da revista Outras Economias, criado em conjunto com a CooLabora. Depois do seu lançamento, em Lisboa, fazia todo o sentido fazê-lo na sede desta cooperativa, que já acolheu calorosamente outras discussões em torno desta publicação. Levámos connosco o Augusto Sousa, da cooperativa de habitação colaborativa Brejos Faria, da Moita, e o Filipe Olival, da cooperativa integral Rizoma, em Lisboa. Algumas jovens do grupo CooLaboratório preparam um quebra-gelo para nos por a pensar sobre os múltiplos sentidos do cooperativismo, que deu o mote para uma ampla apresentação das duas cooperativas. Em diálogo cruzado, o Augusto e o Filipe foram respondendo a questões que passaram desde o funcionamento das cooperativas, em particular dos desafios da gestão democrática, até ao que representam em termos de alternativa social e económica para os seus membros e para a economia solidária como um todo. Surgiram questões tanto de alguns/mas jovens do grupo CooLaboratório como de pessoas que estão a pensar criar cooperativas, na Covilhã. Muito ficou para discutir e conversar, uma vez que o cooperativismo e as cooperativas enquanto sua concretização dão pano para mangas e continuam a representar um ideal em contínua experimentação.
Uma tarde no Ecomuseu do Seixal
7 de março. Durante o primeiro semestre de 2024/25, temos trabalhado com a turma do 1.º ano de Técnicos/as de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos, da Escola Secundária de Amora, e com o seu professor de Cidadania e Desenvolvimento, os temas saúde e meio ambiente. O percurso, que culminou em duas atividades organizadas pelos alunos e alunas para os seus colegas de outras turmas, a 21 de fevereiro e 7 de março, foi enriquecido por uma visita de estudo. Conhecer um dos ecossistemas, e paisagem protegida, do estuário do Tejo: o sapal, e a utilização - antiga! - de uma energia renovável foram as motivações para esta visita ao Moinho de Maré de Corroios, um dos oito sítios museológicos que compõem o Ecomuseu do Seixal. Apesar da tarde chuvosa, tivemos uma calorosa receção e uma rica visita guiada por uma técnica do serviço pedagógico. Provámos sarcocónia, a partir da qual se pode fazer sal verde e conhecemos outras plantas típicas deste ecossistema salobro. Só não vimos flamingos! Percorremos os 600 anos de história do moinho de maré, conhecemos os mecanismos de moagem e alguns dos cereais que aí eram moídos. A energia das marés é uma das formas de energia que nos podem inspirar para os desafios ecológicos que enfrentamos!
Fevereiro. Ao longo do mês de fevereiro recebemos novas solicitações para intervirmos em escolas. A Escola Secundária D. Luísa de Gusmão, em Lisboa, pediu-nos para falarmos com uma turma do 8.º ano sobre o CIDAC, a sua história, o seu trabalho, relacionando este percurso histórico com o colonialismo. Esta mesma escola pediu-nos também uma sessão sobre Comércio Justo para todas as turmas do 9.º ano, sessão realizada no dia 19 na biblioteca da escola com cerca de 100 alunos e alunas. A Escola Secundária D. Dinis, por sua vez, solicitou uma intervenção de duas horas sobre o tema do Comércio Justo para alunos e alunas do 10.º até ao 12.º ano. Na sequência desta intervenção e pelo interesse que despertou, a professora coordenadora da Estratégia de Cidadania da escola requisitou a nossa exposição “O comércio pode ser Justo!” que ficou patente durante duas semanas.
Tecnologia, escrita e... solar punk!
22 de janeiro. As oficinas de escrita já não são novidade no CIDAC. Desta vez, no espaço de luta para a utopia real, a Sirigaita, decidimos explorar o mundo da ficção científica. Não uma ficção científica distópica, como estamos habituadas a ver, mas uma baseada na exploração do Solar Punk. O vídeo O que é o Solar Punk?, também presente no #4 da revista, deu-nos algumas dicas do que é que este futuro pode ser, mas foi preciso fechar os olhos e imaginar uma Lisboa daqui a 10 anos, onde tudo correu maravilhosamente, para vermos uma cidade cheia de verde, árvores e sem carros. Enfim, uma mini utopia. Dinamizada pela Ana Luísa Silva da Oficina Global, pudemos imaginar em conjunto, futuros mais solares e também pensar como é que lá chegaremos.
Oficina criativa: mapeando a tecnologia que usamos
15 de janeiro. Somos mais um D. Quixote que teima em perseguir os moinhos de vento ou um Sancho Pança que abraça o que a modernidade tem para oferecer? Foi esta a pergunta de partida para a nossa oficina criativa no CIDAC. Recorrendo a lápis e caneta (e por vezes ao telemóvel) mapeámos a tecnologia que usamos no nosso dia-a-dia. Percebendo que tecnologia incluia coisas desde escovas dos dentes, a autoclismos e claro o omnipresente smartphone. Ainda assim, acabámos por usá-los para investigar quem é dono da tecnologia que usamos e onde se concentra a maior parte dessa riqueza (apesar da suposta inovação, quem parece estar associado são os suspeitos do costume). Além destes mapas, também pudemos ler e debater sobre a (falta) de inovação e o potencial libertidador da tecnologia, guiando-nos pela entrevista a Cory Doctorow, presente no artigo Apoderar-se dos meios de computação – como os movimentos populares podem derrubar os monopólios das Big Tech. Uma tarde repleta de criatividade e com um sentido de que apesar das falhas da tecnologia, o uso desta para o bem continua a ser possível e necessário!
V Encontro do Sem Sombras: planear os próximos passos!
11 e 12 de janeiro. Para começar o ano em grande, o grupo de jovens do projeto Sem Sombras voltou a reunir-se na Golegã, no centro do Graal. Foram dois dias de reencontro, revisitação do primeiro ano do projeto e de planeamento dos próximos passos! Ficamos entusiasmadas com os resultados que conseguimos alcançar. No sábado, como de costume, iniciámos com dinâmicas de reencontro, depois revimos o projeto e entrámos no programa do encontro. Os seus principais objetivos: pensar num breve vídeo de animação sobre as temáticas do projeto e criar uma campanha de sensibilização a apresentar nas escolas dos e das jovens participantes.
Depois do visionamento da gravação da peça de teatro-debate que nasceu do projeto, o ano passado, num animado carrossel, as e os jovens analisaram as 4 cenas que a compõem e refletiram de forma crítica sobre as desigualdades entre mulheres e homens e a dimensão económica que nelas são tratadas. Surgiram conversas estimulantes e muitas ideias! O debate foi animado e ajudou o grupo a escolher a cena da peça que, de acordo com alguns critérios, fosse a melhor para a adaptação em vídeo. A cena escolhida foi “Restos de ontem” centrada nas personagens Clara e Miguel, um jovem casal a lidar com a gestão da economia do tempo – pessoal, de casal e familiar – com algumas questões que nos permitem refletir sobre vários temas, além da dinâmica particular. Os e as jovens trabalharam no guião da peça e pensaram em sugestões para a criação do mesmo vídeo.
No domingo, num ambiente lúdico, dedicámos toda a manhã e parte da tarde à construção da campanha, a começar também pela escolha do tema. O grupo escolheu a desigualdade salarial entre mulheres e homens e avançou com várias propostas para a sua realização, tanto na parte do conteúdo quanto na parte gráfica e formal, que serão a base do trabalho a desenvolver nos próximos meses.
Cheias de ideias criativas e de reflexões interessantes, terminámos o encontro avaliando o mesmo e já a planificar o próximo. O ano começou cheio de novidades e entusiasmo!